
Detectar o câncer de mama precocemente é um dos maiores desafios da medicina atualmente, especialmente para mulheres que têm mamas densas. Esse tipo de tecido mamário mais espesso dificulta a identificação de tumores pelos métodos tradicionais, como a mamografia, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento. Pensando nisso, uma nova tecnologia inovadora está ganhando destaque e promete transformar esse cenário, trazendo mais segurança e precisão para o exame dessas pacientes.
Por que as mamas densas dificultam o diagnóstico?
Cerca de 40% das mulheres possuem mamas densas, o que significa que o tecido glandular, responsável pela produção do leite, é mais volumoso e aparece branco nas imagens da mamografia. Essa característica acaba “mascarando” possíveis tumores, que também aparecem brancos, dificultando a visualização clara e aumentando o risco de falsos negativos. Ou seja, lesões que poderiam ser detectadas acabam passando despercebidas, comprometendo a detecção precoce.
Como a nova tecnologia funciona?
A grande inovação vem da chamada Imagem Molecular da Mama (MBI), um exame que utiliza um traçador radioativo em baixa dose para destacar áreas suspeitas dentro do tecido mamário. Essa técnica é capaz de detectar tumores que não são visíveis nas mamografias convencionais, especialmente em pacientes com mamas densas. Além disso, a radiação emitida é até oito vezes menor do que a dos exames tradicionais, tornando o procedimento mais seguro.
O diferencial está nos detectores de última geração, que capturam imagens em 3D, permitindo uma análise muito mais detalhada e precisa do tecido mamário. Essa visão tridimensional facilita a identificação de nódulos pequenos e outras alterações, o que pode fazer toda a diferença para o diagnóstico e tratamento precoce.
Um esforço global para salvar vidas
O desenvolvimento dessa tecnologia é fruto de uma colaboração internacional entre a empresa britânica Kromek, os Hospitais de Newcastle, a Universidade de Newcastle e a University College London (UCL). Com um investimento de 2,5 milhões de libras, o projeto visa oferecer uma alternativa eficiente para mulheres com tecido mamário denso, uma população que até então enfrentava limitações na detecção do câncer.
Esse esforço conjunto mostra o quanto a inovação e a ciência podem caminhar lado a lado para enfrentar desafios de saúde pública, especialmente quando se trata de doenças tão graves quanto o câncer de mama.
A importância da detecção precoce
Detectar o câncer de mama em estágio inicial pode aumentar as chances de cura para até 95%. Por isso, a mamografia anual é recomendada para mulheres a partir dos 40 anos, mas para aquelas com mamas densas, o exame MBI pode se tornar um complemento essencial. Essa tecnologia permite iniciar o tratamento o quanto antes, reduzindo a mortalidade e melhorando a qualidade de vida das pacientes.
O caminho para a conscientização e acesso
Embora o número de mamografias no Brasil tenha crescido 5,7% em 2023, recuperando-se após a queda causada pela pandemia, ainda é preocupante que apenas 66% das mulheres reconheçam a importância desse exame para a prevenção. Campanhas educativas e políticas públicas são fundamentais para ampliar o conhecimento e incentivar a realização regular de exames.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que o Brasil terá cerca de 73.610 novos casos de câncer de mama por ano. Diante desse cenário, investir em tecnologias avançadas, como a MBI, e garantir o acesso das mulheres a exames de alta qualidade são passos essenciais para mudar essa realidade.