Robótica e o futuro do trabalho são nova realidade na Amazon
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Robótica e o futuro do trabalho são nova realidade na Amazon

A visita ao imenso galpão robotizado da Amazon, localizado próximo a Nashville, foi uma verdadeira imersão na fusão entre tecnologia e trabalho humano. Mesmo com o sistema robótico temporariamente fora do ar, evidenciando que a presença humana ainda é crucial para resolver problemas inesperados, a magnitude e o avanço tecnológico do local impressionaram os presentes.

O MQY1, um dos maiores depósitos da empresa, se destaca por seus robôs de última geração, cada um com um nome e função específica, como Pegasus e Robin. Essas máquinas, em diferentes formatos e tamanhos, assumem atividades que vão desde o transporte de pacotes até a separação de mercadorias, operando com uma eficiência sobre-humana e colaborando de forma harmoniosa com os trabalhadores humanos. O destaque da visita, no entanto, foi a capacidade autônoma dos robôs, que navegam por entre os funcionários sem necessidade de separação por questões de segurança, um avanço impulsionado pelo desenvolvimento da inteligência artificial (IA).

Esse movimento em direção à automação industrial reflete um interesse crescente por parte de grandes corporações, como a Amazon, no uso de robôs para otimizar operações. Além de estar à frente no uso de robótica colaborativa, a Amazon também se posiciona como uma das maiores fabricantes de robôs industriais do mundo. Com o lançamento da instalação SHV1 em Shreveport, Louisiana, que emprega oito sistemas diferentes de robôs trabalhando simultaneamente, a empresa continua a expandir suas capacidades.

O SHV1 abriga o Sequoia, uma estrutura multilateral que armazena milhões de produtos e, com o auxílio de robôs móveis, recupera itens instantaneamente. Já o braço robótico Sparrow, alimentado por IA, é capaz de manipular uma impressionante variedade de 200 milhões de itens, mostrando como a automação pode substituir a mão humana em tarefas específicas. Essas inovações tecnológicas são apenas o início, como ressalta Udit Madan, executivo da Amazon, destacando que a robótica na empresa ainda está em fase de crescimento.

Apesar do evidente avanço da automação, a Amazon mantém o discurso de que a colaboração entre humanos e robôs é o foco, e não a substituição total do trabalho humano. Tye Brady, tecnólogo-chefe da Amazon Robotics, enfatiza que o conceito de “pessoas versus máquinas” é um mito, defendendo que o objetivo da empresa é ampliar as capacidades humanas através da tecnologia. Isso significa que, embora robôs realizem tarefas extenuantes e repetitivas, como levantar grandes pesos e manipular itens de forma contínua, eles são projetados para trabalhar ao lado de pessoas, melhorando a ergonomia e reduzindo o desgaste físico.

Um exemplo prático é o sistema Sequoia, que organiza as mercadorias em alturas adequadas para evitar que os trabalhadores precisem se agachar ou se esticar excessivamente. Além disso, a empresa reportou uma redução de 8,5% nos acidentes em galpões robotizados em 2023, em comparação com suas instalações não automatizadas, mostrando que a automação pode, de fato, promover melhores condições de trabalho.

Entretanto, é cedo para determinar o impacto total dessas inovações na força de trabalho global e nas condições de trabalho a longo prazo. A Amazon promete que a automação trará mais eficiência e segurança, com previsões de que o processamento de pedidos será 25% mais rápido e os custos para atender clientes diminuirão significativamente. Ainda assim, resta a dúvida sobre as possíveis consequências imprevistas dessas transformações.

Se por um lado a automação alivia a carga de trabalho humano em tarefas desgastantes, por outro, o aumento da dependência de robôs também pode transformar a natureza do trabalho, eliminando algumas funções e criando outras. O verdadeiro desafio será equilibrar o avanço tecnológico com a criação de novas oportunidades para os trabalhadores, em um cenário em que a colaboração entre humanos e máquinas ainda está em seus primeiros passos.

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